Este blogue destina-se a combater todas e quaisquer pretensões de exploração da jazida de urânio de Nisa, cuja adjudicação eventual volta a estar na ordem do dia, ameaçando a saúde das populações do concelho, o posicionamento eco-turístico em curso e as actividades económicas locais.


segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Juntos Por Uma Causa

No dia em que a blogosfera mundial se junta, à escala planetária, na defesa do ambiente, o "Urânio em Nisa, NÃO!!!" diz: presente!
Para mais informações, clicar na imagem abaixo.

Bloggers Unite - Blog Action Day

domingo, 14 de outubro de 2007

Para Quem Não Quer Ver



A todos aqueles que ainda pensam que a História não poderá repetir-se em Nisa, recomendamos a consulta, aqui, da história da família da Urgeiriça que foi aconselhada a não ficar mais de 2 horas dentro da sua própria casa, devido a índices de radioactividade 12 vezes (!!!!!!) superiores ao normal. Um caso denunciado pela SIC.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

No Diário de Notícias de Hoje




Quando ainda é assim o dia-a-dia da Urgeiriça, que não nos venham tentar dizer que tudo vai ser diferente em Nisa!!!

MINEIROS DA URGEIRIÇA EXIGEM DIREITOS NA RUA
Os antigos trabalhadores das minas de urânio da Urgeiriça, no concelho de Nelas, prometem marchar a pé até Viseu e manifestar-se junto à sede do PS, se até ao fim do mês não forem atendidas as suas reivindicações para melhoria das pensões de reforma e indemnizações para familiares de mineiros vítimas de cancro.
A decisão saiu de um plenário de trabalhadores realizado ontem nas instalações da antiga mina e onde ficou decidido endurecer a luta destes mineiros que já dura há 16 anos, desde que a mina fechou.
Foi em 1991 que a antiga Empresa Nacional de Urânio (ENU) encerrou a mina da Urgeiriça, que durante anos deu emprego às gentes de Canas de Senhorim. Poucos meses depois, os antigos mineiros começavam a sentir a presença de diversas doenças profissionais, com especial incidência nas do foro oncológico.Cancro passou então a ser uma palavra infernal diariamente presente na vida de trabalhadores e familiares.
António Minhoto, porta-voz dos antigos trabalhadores da ENU, refere que "só nos últimos cinco anos morreram 80 pessoas que trabalharam nas minas".A doença tem sido o principal foco de união dos trabalhadores, que lutam para serem "equiparados a mineiros para efeitos de reforma" e exigem as indemnizações "devidas a todos os familiares dos empregados falecidos com cancro", diz o porta-voz.
Marcas duras de uma profissão que atinge antigos trabalhadores do Estado e só querem ver cumpridas as promessas que lhes foram feitas. Os antigos trabalhadores já conseguiram que o Governo aprovasse a realização de exames médicos, mas, segundo António Minhoto, "ainda ninguém foi examinado e o processo só ficará concluído no final do ano".
Exigem que os cerca de 400 antigos trabalhadores ainda vivos sejam recompensados pelo Estado, a quem "deram os melhores anos das suas vidas", refere o mesmo porta-voz.O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge já estudou os efeitos na saúde causados pelo trabalho nas minas de urânio e demonstra a "concentração de polónio e chumbo no cabelo das pessoas", apresentando uma relação de "causa-efeito" para as mortes dos ex-trabalhadores.Em Portugal, a exploração de urânio começou em 1939, no concelho do Sabugal.
Durante as décadas de 1950 e 60, devido à guerra-fria, a exploração de urânio subiu significativamente. Foram os anos de ouro de Canas de Senhorim, que duraram até 1991, quando a exploração cessou.O minério recolhido em todo o País era essencialmente tratado na Urgeiriça. Ali encontram-se ainda guardadas 195 toneladas de urânio, que o Estado, através da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), sucessora da ENU, pretende vender.
No plenário de ontem, os trabalhadores fizeram ouvir a sua voz e querem que o dinheiro dessa venda "seja canalizado para salvaguardar os gastos com a saúde dos antigos trabalhadores e com as reformas das viúvas".A proposta não teve seguimento, mas os ex-trabalhadores "não vão permitir a saída daqui sem essa salvaguarda". Já em 2004, antigos mineiros e moradores de Canas de Senhorim impediram a saída de 30 toneladas de urânio das minas.Muito raro é encontrar uma casa na Urgeiriça onde não tenha batido nenhuma tragédia.
Ilda Fernandes é viúva de um ex-trabalhador e hoje vive na casa que comprou à ENU. "Paguei-a em 17 prestações que me fizeram passar muita fome. Agora, apenas reclamamos justiça", desabafou ao DN.António Minhoto afirma que "os ex-mineiros e as mulheres que enviuvaram estão numa situação desgraçada. É altura dos responsáveis deste País olharem para nós".

Para ver também aqui e aqui.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Falar Claro

Sejamos muito claros e frontais: alguém acredita que os portugueses e estrangeiros, sejam eles figuras públicas ou cidadãos comuns, continuarão a escolher Nisa para férias ou escapadinhas românticas de fim-de-semana, com uma exploração de urânio em actividade, a céu aberto, a 2km de distância?


Urânio: Nisa não quer. Nisa não precisa!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

A Indústria Que o País Precisa



Continuando o esforço de agregação de informação referente aos malefícios que derivarão da exploração da jazida de urânio de Nisa, fomos encontrar um link para uma "breve análise da indústria extractiva portuguesa", uma intervenção de Carlos Calado na sessão «A indústria que o país precisa e o PCP propõe», realizada a 19 Junho de 2007. Para ler, na íntegra, aqui.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Informação Alternativa



Enquanto continua a verificar-se um ensurdecedor silêncio daquilo a que se convencionou chamar "direita" (corrijam-me p.f., se estiver errado, seria interessante dar espaço a opiniões convergentes de várias "cores") em relação à polémica da exploração de urânio em Nisa, a dita "esquerda" multiplica testemunhos e informação. Um desses casos passa pelo avisado artigo de Rita Calvário, publicado aqui.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Desenvolvimento Sustentado II



Trazer o design moderno às rendas e alinhavados de feltro de Nisa, além de os incorporar em colecções modernas/contemporâneas de roupa, tem sido uma das pequenas-grandes "batalhas" da Câmara Municipal, ao longo dos últimos anos. E porque o trabalho continuado e a estratégia global compensam (sem ser preciso vampirizar os recursos naturais), as coisas tomam, finalmente, sinal de marcha.
João Rôlo é, actualmente, um dos mais respeitados nomes da moda nacional. E à semelhança de tantos outros portugueses, bastou-lhe conhecer Nisa, a convite da edilidade, para descobrir que as artes que tantos chamam "velhas" e "populares" caem afinal, que nem uma luva, até mesmo na... alta costura!

Os alinhavados de feltro, exclusivos de Nisa, estão também a encontrar novos nichos de mercado. Além do recrudescimento do interesse dos consumidores pelo artesanato popular de design tradicional, cresce a procura para aplicações modernas, como é o caso (entre muitos outros) destas bolsas para telemóvel.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Desenvolvimento Sustentado I



O novo complexo termal da Fadagosa de Nisa está em contagem decrescente para a abertura, em 2008. São 9 milhões de euros de investimento e 80 postos de trabalho directos em risco, se os interesses corporativos da extracção de urânio levarem a sua avante.





O eventual projecto mineiro radioactivo prejudicará também a emergente nova economia local que está já em crescimento, em função do novo projecto termal. A fixação de populações jovens no concelho corre também o risco de ficar comprometida, cerceando os esforços da Etaproni - Escola Tecnológica Artística e Profissional de Nisa, que já possui, entre outros, um conceituado curso de Técnico de Termalismo.



A exploração do urânio pode também afastar de Nisa o grupo económico actualmente em negociações para a construção de uma unidade hoteleira, associada ao novo complexo termal. O hotel, estruturante para o turismo do concelho e para os utentes das termas, representa um investimento de aproximadamente 20 milhões de euros, 50 postos de trabalho directos e 175 indiretos. Mais informações na última edição do Fonte Nova, para ver clicando aqui.


quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Ditos de Belém



O Presidente da República lançou em Albufeira, no passado fim-de-semana, mais pistas para o respeito a dar às populações, afirmando que Portugal «tem de viver com o dinheiro que tem» e «gerir com muita eficiência e rigor os recursos disponíveis».

Citado pela Agência Lusa, Cavaco Silva falava aos jornalistas após uma cerimónia de homenagem a 200 autarcas de Albufeira, altura em que apelou ainda à necessidade de Portugal «cuidar da competitividade», ao nível turístico, o que passa, acrescentou, «pela qualidade e requalificação».

«Tenho insistido muito no ordenamento territorial e qualidade ambiental», sublinhou, afirmando ainda que é preciso complementar o que vem sendo feito «com uma política correcta de ordenamento territorial, defesa ambiental e qualidade do meio urbanístico».

O Presidente da República concluiu o raciocício de forma laminar: «hoje a preocupação deve ser qualidade, qualidade, qualidade», frisou. Ora, o que não falta a Nisa, como sabemos são produtos exclusivos de qualidade, estando também em curso uma série de avultados investimentos, conducentes a posicionar o concelho como referência nacional do eco-turismo.

Todas as actividades industriais que possam comprometer este posicionamento - e o futuro sustentado de Nisa e dos seus habitantes - devem ser combatidas pela base.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Escrito



Excerto de artigo de José Furtado, publicado em 12-07-2007 às 18:01:50

«A Câmara Municipal de Nisa está contra a possibilidade de exploração das minas de urânio daquele concelho. Nisa tem o maior filão de urânio por explorar do país e a subida do preço daquele minério está a provocar a cobiça de empresas internacionais, que estão dispostas a investir na sua extracção. Em causa poderá estar um investimento de vários milhões de euros e a criação de algumas dezenas de postos de trabalho num concelho desertificado. Mas o que parecia uma boa noticia cedo se transformou em receio, tendo em conta o facto de o urânio ser radioactivo e por isso um potencial perigo para o meio ambiente.

Gabriela Tsukamoto teme que a entrada em funcionamento da mina, o que para já é apenas uma mera hipótese, ponha em causa a qualidade de vida dos moradores daquele concelho, que faz fronteira com o distrito de Castelo Branco. A presidente da Câmara Municipal de Nisa diz-se fortemente empenhada na promoção do turismo, como prova a adesão à Naturtejo. E entende que a aprovação da mina é o suficiente para pôr em causa a classificação do primeiro Geoparque em Portugal, atribuída recentemente pela Unesco, a organização das Nações Unidas para a Cultura e a Educação. Uma opinião que é partilhada pela Naturtejo, a associação de promoção turística constituída por seis municípios da região, entre os quais Nisa.

Armindo Jacinto, o responsável pela Naturtejo, admite ao Reconquista que a aposta no urânio é contrária aos interesses de quem promove a divulgação turística da zona.

“A nível de política da Unesco esta exploração não é vista com bons olhos” avisa Armindo Jacinto. O assunto está por isso a ser acompanhado “com algumas reservas”, diz aquele responsável.»

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Sítios

Este é um pedaço do Geopark Naturtejo, do qual Nisa faz parte integrante. Que me desculpem a "imposição", mas é uma verdadeira obrigação de cidadania lutar contra quaisquer actividades de extracção mineira (ainda mais radioactiva!) que possam colocar em risco um metro quadrado que seja de paraísos naturais como este. Mais ainda quando o turismo que permite é, cada vez mais, fonte de desenvolvimento económico sustentado...







sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Pessoas



Sorrisos ímpares, o orgulho na arte do trabalho de criação de iguarias únicas e certificadas, de Nisa para as mesas do mundo. Para comprometer talvez até irremediavelmente, caso avance a exploração de urânio.

Bichos


(Cicona nigra)

A Cegonha Preta, uma das "estrelas" da Natureza que pode ser encontrada em Nisa e no Geopark Naturtejo, é uma das espécies raras e em perigo de extinção que ficará imediatamente ameaçada caso se proceda à extracção sistemática e continuada do urânio local.
Desde logo (e sem considerar os riscos indirectos devido à contaminação da sua cadeia alimentar) porque a perturbação humana nas suas áreas de nidificação constitui um factor de ameaça, sendo responsável pelo reduzido sucesso reprodutor.
Em Portugal, estima-se que já existam apenas entre 30 e 50 casais. Em consequência do declínio sofrido nas populações e na área de distribuição, a Cegonha Preta está incluída nas SPECs (Species of European Conservation Concern) na categoria SPEC3 que inclui as aves com estatuto de conservação desfavorável. No nosso país, está classificada como ameaçada. Inclui-se ainda nas Convenções de Cites, Bona (Anexo II), Berna (Anexo II) e na Directiva Aves (Anexo I).
A preservação da espécie passa essencialmente pela conservação do seu habitat, nomeadamente através de zonas de Reserva Agrícula e Reserva Ecológica, como aquela que a eventual exploração da jazida de urânio de Nisa viria destruir sem remédio.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Alerta


N'o suplemento Única do Expresso (online)

Alerta para a intenção de explorar as minas de urânio de Nisa. Para um governo que passa a vida a berrar a palavra «rumo», este é o género de decisão que espatifa qualquer rumo da sociedade civil, do célebre empreendorismo, da excelência, da competitividade e de todos os restantes chavões da cassete. Nisa vem há anos a apostar fortemente numa imagem e num conjunto de produtos locais fortemente dependentes da excelência ambiental. Paisagem, turismo, termalismo, produtos biológicos e de protecção integrada, certificação de produtos alimentares como o queijo, tudo mobilizando competências profissionais exigentes e uma integração territorial forte — o que é mais difícil ainda tratando-se de uma região interior e com um passivo de fraco desenvolvimento. Pois, de repente, vão 20 anos por água abaixo e nada disto interessa. O rumo agora é o urânio que, como o país tristemente sabe — veja-se a experiência da Urgeiriça — é ruinoso em termos paisagísticos, ambientais e de saúde pública. As populações estão alertadas; os empresários locais também; até porque esta triste iniciativa tem antecedentes que há uns anos puderam ser sustidos e espera-se que agora o sejam também. E por favor não voltem à cassete; é que já chega a ser ridículo vir falar nas contrapartidas dos postos de trabalho — os quais, quando não são precários e desqualificados, raramente chegam ao que se promete; além de que, neste caso específico, liquidam os empregos que têm vindo a ser gerados.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Exploração de Urânio em Nisa - Quercus é contra




Comunicado

Na sequência de várias notícias que têm vindo a público e que apontam como hipótese em estudo a exploração de uma jazida de urânio no concelho de Nisa, a Quercus entende por bem manifestar a sua oposição a uma eventual extracção deste minério.

A actividade de exploração mineira é incompatível com o modelo de desenvolvimento levado a cabo pelo município. Este modelo é consentâneo com uma região bastante deprimida e tem apostado fortemente nos sectores do turismo de qualidade (termal, rural e ambiental), na produção agrícola (tradicional, biológica e protecção integrada) e nos produtos da região (tradicionais e certificados), entre outros.

Num debate recentemente organizado pela Quercus sobre este assunto, que decorreu em Nisa, ficou claro que esta perspectiva é partilhada por um conjunto de entidades locais, bem como por um conjunto significativo da população, reforçando a perspectiva de que uma infra-estrutura desta natureza não se enquadra nos objectivos de desenvolvimento local.

O impacto ambiental associado a explorações similares, tanto em Portugal como noutros países, acarreta elevado risco de poluição das águas, do ar e do solo, a uma escala não mensurável no tempo.

Qual a posição do governo português sobre o destino a dar aos produtos da actividade mineira em causa?

Não nos podemos alhear do eventual destino a dar a este urânio explorado no nosso país, seja em termos da sua utilização futura em centrais nucleares ou na produção de armamento nuclear. A Quercus, como Associação pacifista e defensora da opção “não ao nuclear”, não pode, desde logo e por princípio, concordar com nenhumas das utilizações referidas, voltando a aproveitar a oportunidade para recordar a opção que deve ser feita em fontes energéticas efectivamente renováveis e compatíveis com a defesa do Ambiente, assim como numa utilização mais eficiente e racional dos nossos recursos energéticos.

A Quercus exige que este processo decorra de forma transparente e que todos os elementos necessários à sua análise e avaliação sejam tornados públicos.

Lisboa, 14 de Agosto de 2007

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Diz Quem Sabe



O ambientalista António Eloy (docente universitário, consultor formador em energia e ambiente, membro e dirigente de diversas organizações ecologistas e politicas nacionais e internacionais) assina, no Jornal de Nisa, um muito oportuno artigo de opinião sobre o crescimento sustentado do concelho. Para ler clicando aqui.

domingo, 12 de agosto de 2007

Cegueiras


Sendo um exemplo claro dos critérios frios e desumanos que nivelam os argumentos a favor da extracção de urânio em Nisa, aqui se aponta para um ficheiro .pdf com um estudo de C. Dinis da Gama, Professor Catedrático do IST, onde o autor se insurge contra os "catatrosfismos" e as "ladaínhas" dos ambientalistas, que apenas servem para "massacrar os empresários".

sábado, 11 de agosto de 2007

Recapitulações



Num excelente trabalho de jornalismo, o Fonte Nova recuperou passado e presente da jazida de urânio em Nisa. Um trabalho para (re)ler clicando aqui.

Razões Porque



Até há cerca de um ano, Nisa era, para mim, "simplesmente" uma aprazível terra de reencontros, descanso, artesanato e gastronomia, um "porto" pouco explorado e, por isso, ideal para 'fugir' de Lisboa.
Por circunstâncias do destino, os meus percursos profissionais começaram a cruzar-se com o concelho. E foi através desse trabalho que mergulhei mais a fundo nos locais, nas vidas, nos anseios, nos sonhos e nas expectativas das gentes locais.
Vejo ali, hoje, uma nobreza humana comovente, uma capacidade ímpar de resistir às adversidades, um espírito de união de quem rema contra as marés. Vejo uma repulsa inata à condição do isolamento e do esquecimento, buscando-se todos os dias o desenvolvimento, a criação de emprego, a melhoria da qualidade de vida e a fixação de populações.
Vejo uma natureza pura, quase primordial, com a qual as gentes aprenderam a ser unas, dando-lhe um respeito quase reverencial e ganhando, com isso, o prémio máximo da sustentabilidade.
Por todas estas razões - e tantas outras que seria fastidioso enumerar - não posso ficar indiferente à hipótese de toda esta realidade que aprendi a respeitar e amar poder ser posta em causa, com a exploração da jazida de urânio do concelho.
Os riscos da mesma são óbvios e indesmentíveis, segundo os ambientalistas. Quer em termos de saúde pública, quer em termos de comprometimento de toda a estratégia e investimentos de desenvolvimento económico em curso (e que gerarão, só por si, mais do dobro dos apregoados e supostos 70 postos de trabalho transitórios que viriam com a exploração mineira).
Além do mais, parte da jazida de Nisa está situada em áreas das reservas Ecológica e Agrícola Nacional. E estas áreas não foram fixadas por capricho, nem determinadas por acaso. Nem muito menos podem estar sujeitas a ser "massajadas" ou "reajustadas" ao sabor dos interesses de cada um, em cada hora.
Quantos serão os turistas que visitarão Nisa, se a jazida de urânio estiver a ser explorada? Não será óbvio que os lacticínios e enchidos da região sofrerão uma quebra de vendas brutal? Quem quererá tratar-se numas termas de um concelho onde a mineração exaustiva poderá contaminar os recursos hídricos? Como pode Nisa estar tranquila, face aos exemplos bem actuais de Urgeiriça e Cunha Baixa, onde "nunca haveria problemas" e hoje é o que se vê e sabe? E como pode o actual Governo, publicamente contra a opção nuclear para fins energéticos, pretender lançar um concurso para fornecer material radioactivo a países terceiros? Não pode, obviamente, a não ser que estejamos nos terrenos da hipocrisia.
Enquanto cidadão Português, não concebo nem admito que se deseje angariar recursos económicos à custa de (mais) uma população já de si sacrificada pela simples localização geográfica, sugando-lhe novas golfadas do sangue e suor da terra por seis a oito anos, deixando-a depois entregue à sua sorte.
Diz Luís Martins, director de prospecção de minérios metálicos do INETI - Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação e partidário da exploração de urânio em Nisa, que “Portugal não é um país rico e não pode desperdiçar os seus recursos”.
Ora, é contra esta mentalidade que cada vez mais me insurjo. O desenvolvimento e o abastecimento dos cofres do Estado do meu país não pode ser feito canibalizando partes do seu próprio corpo, como se de uma praga de gafanhotos se tratasse, atacando vorazmente as zonas fora dos centros decisórios e urbanos.
A Nisa, pede-se e exige-se que as forças vivas do concelho estejam atentas e activas - e cada vez mais - com vista a não serem colocadas face a factos consumados. Nada pode permitir-se ser feito sem uma ampla e clara discussão pública prévia, sem que as populações estejam informadas e conscientes de todos os riscos envolvidos e possam, assim, decidir em consciência. Mesmo que essa decisão seja contra as costas cada vez mais largas do "superior interesse nacional"...
Também por isso, nasce este magro contributo pessoal. Um blogue que procurará compilar e agregar artigos de opinião/científicos, divulgar links respeitantes à matéria e difundir notícias respeitantes à indesejada hipótese desta exploração mineira radioactiva, a céu aberto, no concelho.
E para todos os não-residentes em Nisa que possam pensar, à partida, que esta situação de potencial e gritante agressão ambiental não lhes diz respeito, fica o aviso, oportuno: "hoje é ali, mas amanhã pode ser à porta das vossas casas".